Onda de violência em Porto Velho deixa 13 mortos e aciona Força Nacional
Entre os dias 14 e 16 de janeiro de 2025, a cidade de Porto Velho enfrentou uma onda de violência sem precedentes, atribuída a ações coordenadas por facções criminosas. O saldo, segundo a Secretaria de Segurança Pública, foi de 13 mortos — sendo oito execuções realizadas por integrantes do Comando Vermelho e cinco mortes em confronto com a polícia. A escalada da violência acendeu um alerta em todo o estado e mobilizou forças de segurança em caráter emergencial.
Além das mortes, os criminosos incendiaram mais de 20 ônibus, entre veículos do transporte público convencional e escolares, gerando caos, medo e paralisações em várias regiões da capital. Em reação imediata, o governo municipal reduziu o horário do transporte coletivo e determinou escoltas policiais para os ônibus que continuaram circulando. Apesar das medidas, o clima de insegurança persistiu por dias. Entre os moradores, surgiram dúvidas: foi coragem institucional ou imprudência colocar veículos em circulação sob escolta armada?
Durante as operações de resposta, 14 pessoas foram presas e sete armas de fogo apreendidas. No entanto, os ataques deixaram claro o nível de organização e ousadia das facções criminosas que operam na região.
Raízes da violência: disputa por rotas de tráfico
Segundo Renato Sérgio de Lima, diretor do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os ataques em Porto Velho foram uma retaliação direta ao assassinato de um líder do Comando Vermelho, morto em ações policiais recentes. Ele explica que a capital de Rondônia ocupa uma posição estratégica na rota do tráfico internacional de drogas, por fazer fronteira com a Bolívia, um dos maiores produtores de cocaína do mundo.
“O Comando Vermelho e o PCC têm ampliado sua presença na região Norte, justamente pela proximidade com países produtores. A disputa por rotas e domínio territorial transforma Porto Velho em campo de batalha”, afirmou o especialista.
De acordo com dados do Fórum, a região Norte registrou, em 2023, uma taxa de 34 mortes violentas intencionais por 100 mil habitantes, quase o dobro da média nacional, refletindo o agravamento do cenário de violência estrutural.
Resposta emergencial com reforço nacional
Diante da gravidade da situação, o Ministério da Justiça autorizou, em caráter de urgência, o envio da Força Nacional para Rondônia, com permanência prevista de 90 dias. As ações conjuntas envolvem ainda agentes da Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Militar de Rondônia, além de forças estaduais do Acre, Amazonas e Mato Grosso.
Essas forças têm atuado em operações integradas, com foco em desarticular núcleos armados das facções e restabelecer o controle territorial e institucional da cidade.
Clima de medo e tensão
Nas redes sociais, moradores relataram medo constante e sensação de abandono. Em um relato anônimo no Reddit, um estudante desabafou:
“A coisa tá complicada… helicópteros sobrevoando o tempo todo, faculdade do turno da noite sendo reagendada… Tá um inferno”.
Com as escolas parcialmente fechadas, serviços suspensos e o comércio hesitante em manter as portas abertas, Porto Velho viveu dias de incerteza, refletindo a urgência de ações estruturantes além da repressão imediata.
Desafio estrutural
A crise expôs fragilidades institucionais e a urgente necessidade de fortalecer os mecanismos de segurança pública, com investimentos em inteligência policial, controle de fronteiras, prevenção social e políticas públicas para juventude. Especialistas alertam que, sem esse conjunto de ações, os grupos criminosos seguirão se expandindo, recrutando e desafiando o Estado.
A onda de violência em Porto Velho não foi apenas um episódio isolado, mas um sinal de alerta para todo o Norte do Brasil, que se tornou o novo foco da criminalidade organizada nacional e internacional.
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